sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Laços de família

“Os amigos são a família que nós escolhemos”, já dizia meu marido, na época de namorado, repetindo uma frase que lera em algum lugar. Essa frase não tinha tanto significado há dez anos, quanto tem hoje, pra mim.
Realmente não escolhemos a família em que nascemos e crescemos, mas depois de grandes, ainda que alguns tenham tido menos sorte no nascimento, somos nós que escolhemos aqueles que farão parte das nossas vidas e da nossa história e, de alguma forma, eles passam a formar essa família escolhida. E assim foi comigo. Tenho “amigos-família”!
Como diria um dos membros dessa minha família, por puro azar, nós nos conhecemos, mas eu diria que com muita sorte nós insistimos nessa amizade que hoje chamamos de família – nossa família canadense.
Final de semana passado, alguns de nós tivemos a oportunidade de nos vermos mais uma vez. Foi um encontro que havíamos planejado antes de “desimigrar”. Três deles estavam passando férias no Brasil e nós, desimigrantes, saímos de São Paulo diretamente pra “Behorizonte”.
Estávamos ansiosos por esse momento. Eu, particularmente, planejei mil coisas, visualizei cenas e imaginei que ficaria sabendo de todos os acontecimentos detalhadamente que havíamos perdido nesses dois meses. Minha esperança era de me sentir mais perto de todos, mais lá. Mas nada disso aconteceu! Nada do que eu tinha planejado (nem um pão de queijo sequer eu comi). Nenhuma cena vivida ou história nova ouvida. Nada! Tudo aconteceu bem melhor do que nos meus pensamentos mais otimistas.
Chegamos sexta à noite e desse instante até domingo, não fizemos outra coisa a não ser comer e conversar. Não era a conversa que eu pensava que seria, sobre fotos e fatos, mas a mesma conversa que teríamos se estivéssemos ainda em Montréal. Sobre a vida, sobre a morte, sobre pais, sobre filhos, sobre o nada e sobre o tudo. Assistimos um filme também, como seria normal numa tarde de domingo. Comemos mais um pouco.
No aeroporto, em meio ao caos aéreo, refleti sobre o final de semana e como ele não se encaixava em nada do que eu havia imaginado. Um misto de alegria e tristeza tomaram conta de mim. Fiquei muito feliz porque essa situação só demonstrava o quanto ainda fazia (e faço) parte dessa família, que eles não precisam me contar nada além do que já conversamos por email, skype e msn. Não somos diferentes porque voltamos (e era isso o que eu mais temia). Ao mesmo tempo, fiquei triste de saudade, por querer estar com eles mais e mais, pra jogar conversa fora, assistir um filme ou simplesmente combinar de comer pão de queijo e acabar tomando um capuccino no Tim Hortons. Pena que dessa vez faltou o Tim Hortons.

2 comentários:

  1. Adorei Bia! Escreves muito bem!
    Lu(o)

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  2. Bia,
    só hoje consegui sentar pra passear pela internet tranquila. Curioso é que estou lendo do nosso final de semana belorizontino aqui de Montreal.
    Naquele dia, quando deixamos vcs no aeroporto, eu e Pipe Lindo voltamos comentando que tesouro é isso, sair da nossa terra, da nossa casa, da nossa família pra construir relacionamentos como o nosso do outro lado do mundo, de um jeito tao inesperado. Hoje pensando naquele primeiro encontro no mexicano acho engraçado como foi fácil nos gostarmos, como foi fácil nos tornarmos inseparáveis. E como foi fácil tb nos reencontrarmos!
    Aquele final de semana em BH, marcado pelo regime de engorda, só nos mostra que nao importa onde a gente esteja e quando: amizade de verdade é atemporal e nao tem fronteira que separe.
    Agora é viver pra esperar o próximo encontro que esperamos ser em breve, aqui ou aí. Porque nao importa onde a gente tá: quando junta é difícil separar!
    Bjao

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