sábado, 11 de dezembro de 2010

Amigos para sempre

Depois da decisão de voltar, me peguei pensando (muitas vezes) nos amigos que "deixamos" pra trás.

Pessoas ótimas que foram nossos companheiros e confidentes por dois anos e meio. Foram nossa família, nossos irmãos.

Pensei muito sobre como ficaria nossa amizade com a distância. Se esfriaria? Morreria? Seria apenas uma lembraça distante?

Pois que na semana passada eu estive em Brasilia a trabalho. Passei uma noite por lá, e aproveitei para entrar em contato com meu roommate "australiano". Ele é brasileiro e de Brasilia, nós dividimos um apto quando morei na Australia em 2003.

Quando retornei da Australia, o contato foi dimuindo, até que praticamente não nos falamos mais. Pelo menos uns 6 anos desde a última vez que o encontrei. Mandei um email e combinei de tomarmos uma cerveja para relembrar os velhos tempos. E foi muito legal mesmo! Seis anos é muito tempo, então teve papo várias horas para nos atualizarmos das coisas.

Voltei pra São Paulo duplamente feliz. Feliz por ter encontrado um velho amigo, e feliz por me dar conta que (Ok, vai soar clichê mas la vai) as amizades verdadeiras nunca morrem nem acabam. Aos meus amigos "canadenses", deixo aqui um forte abraço com muita saudade!!! Sabemos que pode demorar um pouco para nos encontrarmos de novo, mas tenho certeza que cada reencontro será como nunca tivéssemos nos separado!

Abraços de Amigo!

Adilsinho

P.S.: Já que estou em um momento "sentimental" e meigo, deixo aqui um texto que recebi do sr. Adilson
Amigos!

Um jovem recém-casado estava sentado num sofá num dia quente e  úmido, bebericando chá gelado durante uma visita ao seu pai. Ao  conversarem sobre a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai remexia pensativamente os cubos de gelo no seu copo e lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho..

- Nunca esqueça de seus amigos, aconselhou! Serão mais importantes à  proporção que você for envelhecendo.. Independentemente do quanto você  ame sua família, os filhos que porventura venham a ter, você sempre  precisará de amigos. Lembre-se de ocasionalmente ir a lugares com eles; faça coisas com eles; telefone para eles...

Que estranho conselho, pensou o jovem! Acabo de ingressar no  mundo dos casados. Sou adulto. Com certeza, minha esposa e a família  que iniciaremos serão tudo o que necessito para dar sentido à minha  vida! Contudo, ele obedeceu ao pai. Manteve contato com seus amigos e  anualmente aumentava o número de amigos. À medida que os anos se  passavam, ele foi compreendendo que seu pai sabia do que falava e foi  sentindo que os amigos eram os baluartes de sua vida..

Passados mais de 50 anos, eis o que aprendeu:

O Tempo passa.

A vida acontece.

A distância separa.

As crianças crescem.

Os empregos vão e vêem.

O amor fica mais frouxo.

As pessoas não fazem o que deveriam fazer.

O coração se rompe.

Os pais morrem.

Os colegas esquecem os favores.

As carreiras terminam.
 

Mas..... os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estejam entre vocês. Um amigo nunca está  mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo a seu favor e esperando você de braços abertos; abençoando sua vida!

Todos nós, quando iniciamos esta aventura chamada vida, não  sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem  sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Novidades? Nem tanto...

A (pequena) quantidade de posts aqui deixa claro que não tenho muitas novidades pra contar.

Acho que é meio como a história do sapo na panela quente... Se você joga o sapo em uma panela com água quente, ele sai pulando e "sofre". Se você coloca o sapo na panela com a água fria e depois coloca ao fogo, o sapo vai se acostumando e morre "calmamente".

Quando chegamos, acho que foi o pulo na panela quente. Fiquei muito triste e decepcionado (e nem sei o motivo, já deveria esperar os problemas que encontrei) com as coisas. Agora, acho que estou mais acostumado... Não que eu esteja satisfeito, mas acho que até a indignação cansa.

Quando comecei a escrever isso, era mais uma maneira de desabafar e alertar meus amigos e conhecidos no Canadá para os "perigos" de voltar. Não esperava ter leitores "desconhecidos", nunca escrevi para outras pessoas. É curioso saber que pessoas que não me conhecem leem os textos sem saber ao certo das piadas e ironias que eu coloco.

Vou me dirigir a alguns desses, que comentaram alguns posts recentemente.

Não, eu não acho que o Canadá é um mundo cor-de-rosa. Não acredito que seja o paraíso na terra (aliás, não acredito no paraíso no céu também, by the way) e que os canadenses são personagens de contos-de-fada.

Acredito sim que, com méritos próprios ou não, eles foram capazes de formar uma sociedade muito mais igualitária e humana. Disso eu sinto falta. Claro que há problemas com imigrantes, problemas internos, econômicos, enfim... Mas acho (ou tenho certeza) que é um ótimo lugar para se morar...

Felizmente fui bem recebido por amigos quando imigrei, conheci ótimas pessoas  e consegui bons empregos na minha área profissional. Tinha um padrão de vida equivalente ao daqui... Logo, teria algum motivo pra não gostar da experiência (e ter saudades)?

Sobre o último post, achei curiosa a exposição de um advogado ao defender a PEC da Felicidade. Bom, não muito a comentar aqui. Apesar de achar o "honrado" senador Cristovam Buarque um bom parlamentar, acho sim que a "nobre" lei é supérflua e desnecessária. Acho que é o tipo de legislação que cairia como uma luva em um discussão do parlamento sueco ou dinamarquês.

Nosso parlamento é conhecido pela sua ineficiência e pouca produtividade. E o pouco que se faz em ano eleitoral (menos de 6 meses de trabalho real) é uma lei desse tipo??? Por favor, como se não houvessem outros problemas maiores para resolver!

E uma pela outra, a gente nunca sabe se a lei "vai pegar"... Vai que a da lei da felicidade "não pega"?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Agora é lei!

Ahhhhhh... agora esse país vai pra frente!

Foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado a chamada "PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Felicidade"!!!

Para os que estão desatualizados sobre o assunto, clique aqui.

Agora sim fiquei tranquilo. Meu direito de felicidade está na Constituição. Que beleza, não sei nem por onde começo... Acho que a eleição do Tiririca veio a calhar, nada como um deputado "comediante" para aumentar a felicidade do povo.

Essa matéria é tão absurda que fica até difícil comentar. O Brasil é mesmo o país da piada pronta... Não precisa nem sacanear, a gente se "auto-sacaneia".

E o pior é que esse tipo de projeto a gente sempre espera de senadores "Fanfarrões", de partidos inexpressivos, políticos "anônimos"... Pois bem, essa tijolada veio do Cristovam Buarque, um senador tido como "sério"! Segundo ele, o objetivo é "carimbar no imaginário da sociedade a importância da dignidade humana"... (?!?)

Isso é proposta de emenda na CONSTITUIÇÃO! Caceta, não tem nada mais importante pra propor não? Maluco (senado e câmara) passa metade do ano fazendo campanha sem votar uma matéria importante. Quando volta faz o que? PEC da Felicidade? Faça-me o favor...

Isso é tão escroto que vou parar por aqui... a paciência está acabando...

domingo, 7 de novembro de 2010

"Violência" em Interlagos

Hoje teve corrida da F1 em São Paulo. Acompanhando o notíciário internacional para saber mais a respeito, me deparo com manchetes de como o piloto Jenson Button quase foi assaltado por 6 caras portando metralhadoras?!?!

Engraçado, não é uma notícia tão chocante para nós, já habituados com a violência e tal. Ele se safou sem perdas porque estava em um carro blindado, pilotado por um ex-policial. Acho que o que (me) chocou foi ter lido isso em sites internacionais.

Acho que é como falar mal do irmão. Eu posso falar do meu, mas se vc falar a gente briga. Logo, tendo a imprensa internacional reportando acontecimentos ruins do nosso "cotidiano" é ruim...

Foi reportado que integrantes da equipe Sauber também foram assaltados... Ok, pra eles foi só um fim de semana... e a gente que (sobre)vive aqui??? triste...

Segue uns links a respeito:
http://www.autoblog.com/2010/11/07/jenson-button-escapes-armed-attack-in-brazil/
http://www.autoblog.com/2010/11/07/sauber-engineers-also-ambushed-in-brazil/
http://www.digitaljournal.com/article/299911

domingo, 24 de outubro de 2010

Dizer não é dizer sim?

Um grande amigo irmão que mora em Montreal e trabalha com educação física no Canadá sempre conta uma história sobre o "jeito quebecois". Acho que a história é interessante e ilustra muito bem uma diferença fundamental entre o Quebec (ou Canadá) e o Brasil.

Em seu emprego anterior, ele trabalhava como instrutor de natação e salva-vidas no YMCA. Dava aula para alunos dos 8 aos 80 anos. Falando sobre as "frescuras" ou esquisitices do povo local, ele conta que estava dando as instruções iniciais para um grupo de pirralhos crianças prestes a entrar na piscina. A coisa ia mais ou menos assim:

- Crianças, prestem atenção. Aqui na piscina não pode correr. Não pode mergulhar. Não pode empurrar o amiguinho na água. Não pode fazer xixi na água. Não pode...

Neste ponto ele é interrompido por outro professor que batia no vidro Ele o chamou e disse algo como:

- Isso não está certo. Você só fala para as crianças o que elas não podem fazer. É só não, não e não. Não tem como você ser mais positivo e dizer o que elas podem fazer???

Sempre que ele contava a história, ríamos do exagero dele, e da frescura do professor com essa coisa do positivo e tal. Sempre me fez sentido, achava mesmo frescura.

Mas recentemente comecei a mudar de ideia e entender mais essa diferença.

Lendo o jornal de SP, ví que caminhoneiros reclamavam da proibição de trafegar em muitas ruas de São Paulo. Ele argumentava que estava ficando sem opções de rotas para levar as mercadorias. A prefeitura de São Paulo vem, sistematicamente, probindo tráfego de caminhões para aliviar o trânsito. A ideia parece boa (ao menos pra mim, que não dirijo um caminhão), mas vamos analisar melhor.

O poder público, de forma geral (e especialmente em São Paulo) é especialista em criar regras para o povo. Regras e proibições. A contrapartida é que parece nunca vir. Por exemplo: A poluição e trânsito de SP é ruim. Ao invés de investir em parques e transporte coletivos, cria-se o rodízio de placas (restringindo seu direito à circular de carro). O caminhão atrapalha o trânsito. Ao invés de criar mais estradas e ferrovias, proibe-se o caminhão. Tempos atrás, motoboys com garupa assaltavam no trânsito. Ao invés de se prender os bandidos, cogitou-se proibir os garupas!!!

Observem as placas de trânsito a seguir:

 

A primeira placa, brasileira, nos diz o que NÃO devemos fazer. A segunda placa, canadense, diz o que PODEMOS (ou devemos) fazer. Ambas dizem exatamente a mesma coisa, mas de formas bem distintas.

O que quero dizer é que somos acostumados em conviver com "nãos" no Brasil. E acho que, talvez por isso, tenhamos essa a mania de sempre achar um jeito para quebrar regras. Sempre que aparece alguma coisa nova, serviço, produto, etc... Rapidamente pensamos: Mas se eu fizer isso, isso e aquilo, dá pra burlar assim! (evidentemente não são todos que o fazem, mas a maioria sabe como fazer se quiser)

E em um lugar com poucos "malandros" como o Canadá, nos espanta a facilidade de burlar as regras. Por exemplo: Quer andar de trem/metro sem pagar? É mole! Quer furar uma fila pra fazer qualquer coisa? Fácil! E acho que é por aí...

Penso que somos forçados a aprender como dar a volta nas regras para sobreviver no Brasil. No Canadá, acho que as regras são mais facilmente seguidas porque fazem mais sentido, e assim os habitantes não dispensam muito tempo pensando em como "dar um jeito". E disso sim eu sinto saudade.

Me faz falta a "falta de necessidade" de dar um jeito em tudo para sobreviver.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Jeitinho Brasileiro

Aqui vão uns vídeos de um programa que a maioria dos imigrantes não deve conhecer. Chama-se "A Liga" (da Bandeirantes), e é um programa de reportagens bem interessante.

Gostei especialmente deste episódio, que fala dos "maus hábitos" brasileiros (também conhecido por "jeitinho")












sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Grumpy" gets international!!!

(a estupidez paulistana ganha o mundo! I'm so proud)

leia o artigo original aqui

Brazilian clown congressman no joke




SAO PAULO -- Voters the world over complain about having clowns for politicians, but Brazilians embraced the idea on Sunday by sending a real one to Congress with more votes than any other candidate.
Francisco Everardo Oliveira Silva, better known by his clown name Tiririca, received more than 1.3 million votes in Sao Paulo state in Brazil's presidential and congressional elections. That was more than double the votes of the second-placed candidate in Brazil's most populous state.
Tiririca caught the attention of disillusioned voters by asking for their support with the humorous slogan: "It can't get any worse" and a promise to do nothing more in Congress than report back to them on how politicians spend their time.
"What does a congressman do? The truth is I don't know, but vote for me and I'll tell you," the 45-year-old said in his campaign advertisements.
The clown, whose stage name means "grumpy," usually appears in public wearing a blond wig, a red hat and a garish outfit. He survived a last-minute attempt by public prosecutors to bar him from running because of evidence that he is illiterate.
His candidacy may not have been as spontaneous or innocent as it might appear.
Tiririca's well-financed campaign will help elect other politicians because under Brazil's election rules he can pass his substantial excess votes on to other candidates in his coalition, which includes the ruling Workers' Party.


Read more: http://www.montrealgazette.com/news/story.html?id=3632394#ixzz11mBoNPar

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Google Street View, Brasil sil sil!!!

Não vou escrever nada nesse post, por favor leiam essa notícia/post...

Relações trabalhistas (e entre trabalhadores)

Dentre as infinitas diferenças que existem entre Canada e Brasil, uma que me dei conta (ou lembrei) recentemente foi na parte das relações trabalhistas.

Não sou advogado ou jurista, e teria dificuldade em dar detalhes "técnicos" sobre as diferenças. Vou passar as impressões de um trabalhador que já esteve em ambos os lados, nas mesma situação (empregado "registrado", com todos os direitos cabíveis).

De cara me salta aos olhos o protecionismo das leis brasileiras. Há diversos mecanismos de defesa dos diretos do trabalhador por aqui. O fundo de garantia, 13.o salário, FGTS, férias de 30 dias, multa para a empresa em caso de demissão, dentre outros. Isso tudo é muito bom para o empregado e ruim para o empregador. É como se o governo "paizão" forçasse as empresas a ter um papel mais social (não com o próprio bolso, claro), e protegesse os empregados. Não que eu considere por sí só a idéia ruim, longe disso. Só tenho a impressão que isso mutila a capacidade das empresas e empreendedores de empregar mais gente (legalmente).

No Canada, (ao menos até onde eu ví) poucos desses direitos existem. As empresas tem obrigações mínimas, enquanto a parte social fica com o governo. Acho que esse modelo favorece o emprego, mas prejudica os trabalhadores menos preparados, uma vez que esses tem menos margem de manobra ao negociar com o patrão.

Mas a grande diferença entre os países acho que está na relação entre os funcionários. Isso é evidente e gritante. Tenho tido a oportunidade de visitar diversas empresas e trabalhar com diferentes grupos. Vejo em todo lugar um clima de amizade e companheirismo que não experimentei no Canada. Pessoas fazendo brincadeiras e piadas entre eles, combinando planos para happy-hours e atividades, confraternizando enfim. No Canada, as pessoas são cordiais e educadas no escritório, mas não passam disso. Não tem cara sacaneando o outro quando este foi advertido pelo chefe, ou mesmo piada sobre o características físicas (gordo/magro/alto/baixo/vesgo/etc), apelidos.

Penso que a diferença é decorrente das diferentes etnias e grupos que encontramos em um escritório no Canada. Não dá pra apelidar o cara de "China", porque ele deve ser mesmo chinês e não vai entender. O mesmo vale pra chamar o outro de Pelé (negro), Fiat Lux (ruivo), Faustão (gordo)... rs* A maioria das piadas precisa de contexto, e esse é partilhado somente por pessoas do mesmo grupo.

Apesar da aparente "vantagem" para o jeito tupiniquim, tem uma coisa aqui que eu não aguento... A "forçada" amizade no escritório. Todo mundo é tão "amigo" que se sente no direito até de falar mal do outro... "Sabe o Zezinho, ele peidou no elevador ontem"... :S Quem me conhece sabe que nunca fui de fazer amizade em empresa. Sempre tratei todos com respeito e bem, mas nunca fiz questão de chamar alguem pra vir na minha casa. Conto nos dedos amizades no trabalho que persistiram ao fim do trabalho :D. A impressão que dá é que vc TEM que fazer parte da vida social da empresa, caso contrário vc é um loser. Não foi no happy-hour pq? Não gosta da gente? Na verdade não... não gosto, nem desgosto. Só prefiro passar menos tempo com vcs e mais com a familia e meus amigos REAIS. Pode ser que eu saia da empresa em breve, então pq se importar?

Acho que esse é o ponto que mais tenho saudade do Canada. Ia para o escritorio, trabalhava as horas estipuladas, fazia um breve intervalo para almoço (no escritório mesmo, com minha marmita... coisa rápida), trabalhava mais um pouco e RUA! Só gasto tempo no escritório para poder ter minha vida fora dele... logo, gastar mais tempo dentro dele é um grande contra-senso... não? :D

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Email do Trabalho

Decidi postar aqui o conteúdo de um email que recebi da administração da empresa onde trabalho. Desnecessário dizer que fiquei muito chateado ao ler essa mensagem...

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Caros Colegas,

Mais uma vez venho chamar a atenção de todos para o problema de roubo de laptop e outros (bolsas, mochilas) que vem ocorrendo com frequência na  Marginal Pinheiros/Av. das Nações Unidas em ambos os sentidos, nos horários de rush. A maioria dos casos ocorre no sentido Interlagos, entre as pontes do Morumbi e Transamérica, e no sentido Castelo Branco entre as pontes Morumbi e Bandeirantes. Criminosos armados, utilizando motocicletas e aproveitando a lentidão do trânsito abordam tanto carros de passeio como táxis, visando maletas de laptop, mochilas ou bolsas que estejam nos bancos dos passageiros (na frente ou atrás).

Do início do ano até agora, diversos funcionários relataram que já foram vitimas deste tipo de crime. Também tenho conhecimento de funcionários de outras empresa vizinhas que tiveram seus pertences roubados dentro do carro no meio do trânsito. Diferente do “modus operadi” utilizado anteriormente, hoje em dia os criminosos abordam a vítima baseado apenas na possibilidade de que a pessoa tenha o objeto em questão, o que nesta região é muito alta.

Desta forma, aproveito para lembrá-los mais uma vez de alguns procedimentos básicos de segurança em deslocamentos que podem reduzir, e muito, as chances de ocorrências similares:

  • Coloque sempre seu laptop no porta-malas. O mesmo serve para bolsas, sacolas, mochilas que possam chamar atenção;
  •  Antes de embarcar em um veículo de passeio ou táxi, observe a sua volta. Caso você sinta que pode estar sendo observado, postergue a sua saída – acredite no seu instinto;
  •  Lembre-se que o estacionamento do CENU tem tolerância de 15 minutos para embarque e desembarque. Desta forma, embarcar em um táxi no 2º subsolo é uma possibilidade viável e bem mais segura;  
  •  Ao término do expediente, antes de entrar no carro, tire o paletó e a gravata, pareça mais casual. Os criminosos observam mais executivos, pois as chances destes profissionais estarem carregando um laptop por exemplo, são grandes;
  •  Antes de sair do estacionamento, cheque se as portas do carro estão travadas e as janelas fechadas, e esteja  sempre atento aos espelhos retrovisores. Estes são procedimentos básicos –coloque-os em prática;
  • Evite conversas ao celular enquanto estiver dirigindo, principalmente, em locais de trânsito muito lento. O celular tira a atenção do motorista, tornado-o um alvo vulnerável, além do quê pode provocar acidentes;
  • Varie seu horário de saída, e procure  caminhos alternativos. Sempre que possível, evite os horários de trânsito mais pesado. Congestionamentos facilitam a ação de bandidos.


Estou a disposição de todos para maiores esclarecimentos.

Atenciosamente,

XXXXXXXX

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Acho que nem preciso escrever mais nada aqui...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dinheiro (não) compra felicidade?!?

Recentemente vários jornais e revistas daqui noticiaram uma pesquisa realizada por um grupo da  Universidade de Princeton sobre o valor (monetário ou financeiro) da felicidade. Pra quem não leu, abaixo segue o link de uma das matérias. 

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,dinheiro-pode-sim-comprar-alguma-felicidade-mostra-estudo,606056,0.htm

Sem querer entrar naquelas piadinhas do "dinheiro não traz felicidade, manda buscar" (ou similares), gostaria de comentar um pouco os resultados da pesquisa. Acho que tem muito a ver com o Canadá e, por que não, com minha situação atual.

Segundo a pesquisa, o "teto" até onde mais dinheiro traz mais satisfação gira em torno de 75mil dólares americanos por ano. Isso não quer dizer que se você ganhar mais do que isso por ano será infeliz, muito pelo contrário. Isso quer dizer que o dinheiro para de fazer uma diferença significativa na sua felicidade a partir dessa quantia.

Com os 75mil dolares americanos, um indivíduo pode suprir, com relativa folga até, as necessidades "básicas" de toda pessoa, como moradia, alimentação, vestimentas, etc... e até um pouco de lazer também. Ainda segundo a pesquisa, ganhar mais do que isso traz alguma satisfação, mas não muita. Até porque, em grande parte dos casos, rendimentos maiores do que isso estão diretamente relacionados ao incremento no trabalho (mais responsabilidades ou uma promoção, por exemplo), ou mesmo mais de um emprego. Em ambos os casos, a pessoa acaba por ter menos tempo e disposição para usufruir dos ganhos.

Isso tem muito a ver com o Canadá, principalmente quando olhamos para a pesada carga tributária. Explico: Conforme o rendimento cresce, a mordida do leão fica proporcionalmente maior, chegando a ser abusiva até. Logo, os ganhos financeiros de um aumento de salário ficam tão diluídos que a tal promoção no emprego fica pouco atrativa!

Imagine um quebecois, Jean-Pierre. Ele trabalha em um escritório e ganha uns 50 mil dólares anuais. Certo dia, o chefe dele chega e diz: Tabarnac, digo, Jean-Pierre, você é um cara trés-cool e vai ser promovido a gerente. Antes de ficar feliz e encher a cara, Jean-Pierre faz as contas: Ganho 50 mil. Como gerente, devo ganhar uns 60. O aumento anual é de 10 mil... Bom, tira daí os impostos, já falamos em cerca de 6 a 7 mil. Divide por 12 meses, e estamos falando de cerca de 500-600 dolares a mais no bolso por mês... Jean-Pierre analisa se o trabalho extra todo dia, stress de ter funcionários malas, responsabilidades, etc etc etc valem esses 500 paus... Muitos "Jean-Pierres" por aí vão achar que não, e recusar uma promoção.

Isso por aqui seria um absurdo! Existe essa "necessidade" de sempre ganhar mais e querer mais. A falta dessa ambição é uma falha grave e mal vista pela empresa. Não existe o apego ao tempo livre com a familia e amigos, tempo para o lazer e para fazer o que quiser (mesmo que seja "fazer nada").

Sei lá, me aborrece essa relação de "dependência" das pessoas com seus trabalhos. Eu, pessoalmente, até gosto do que faço, mas não tanto assim. Por isso fico puto qdo tenho que trabalhar além do que combinei com empregadores. Claro, sempre há momentos de crise... mas crise todo dia ou toda semana não né? E o pior é você sair do escritório no horário certo e ouvir daquele babaca do corredor: "O que aconteceu, está desmotivado?"... putz, uma merda...

No fim das contas, sinto falta dessa maneira de ver a vida. Onde o foco (ou centro) não é o trabalho, mas as horas fora dele. E onde ganhar "só" os 75mil por ano é mais do que suficiente! :)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Paulistano gasta em média 2 horas e 42 minutos por dia no trânsito

Olha que beleza... depois ainda me perguntam pq eu fico estressado aqui...

Paulistano gasta em média 2 horas e 42 minutos por dia no trânsito (fonte: estadão.com)

SÃO PAULO - Quase sete em cada dez paulistanos (68%) avaliam o trânsito em São Paulo como ruim ou péssimo. Em média, o motorista gasta diariamente 2 horas e 42 minutos no deslocamento para todas as suas atividades. As conclusões são da pesquisa "Nossa São Paulo/Ibope - Dia Mundial Sem Carro 2010", divulgada nesta quinta-feira, 16.

O levantamento revela que mais pessoas estão dispostas a usar o transporte público - de 40% registrado em 2009, a proporção neste ano subiu para 52%. Mais gente também está deixando o carro em casa. Entre 2008 e 2010, o porcentual de quem usa o veículo todos ou quase todos dias caiu de 30% para 26%.

Quanto ao transporte coletivo, a maioria dos paulistanos (67%) concorda que o setor deveria receber mais atenção dos governos. Mais de sete em cada dez (76%) se disseram dispostos a deixar de usar o carro caso houvesse uma boa alternativa de transporte público.

Em uma escala de 0 a 10, a nota média dada aos ônibus de São Paulo ficou em 5,5. A lotação dos veículos foi o quesito pior avaliado, com média de 3,4. A proporção dos que acham que aumentou a limpeza e conservação dos coletivos, porém, foi de 16% para 32%.

Soluções. Para 68% dos entrevistados, a medida mais importante para atenuar os problemas no trânsito em São Paulo é construir ou ampliar linhas de trem e metrô. Já a porcentagem dos que consideram novos corredores de ônibus importantes para diminuir o problema caiu de 45% em 2009 para 42% neste ano.

A construção e ampliação de ciclovias também ganhou força. Mais de nove em cada dez (92%) são favoráveis, enquanto o grupo contrário caiu de 11% para apenas 5%. Por sua vez, o pedágio urbano no centro expandido enfrenta resistência de 78% dos entrevistados.

A quarta edição da pesquisa foi feita pelo Ibope entre 25 e 30 de agosto. Foram ouvidos 805 paulistanos com mais de 16 anos. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.

domingo, 5 de setembro de 2010

A vitória dos interesses (de poucos)

Tento escrever no blog somente coisas que considero relevantes ao tema proposto. E aos que chegaram a pouco, o tema é algo como: Como se re-adaptar ao Brasil após ter imigrado. Ok, sendo mais honesto, esse blog basicamente fala mal de coisas daqui quando as compara com coisas de lá.

E como não podia ser diferente, aqui vai mais uma coisa que me irrita muito. E não é de hoje, mas lembrei disso hoje e resolvi comentar.

O Brasil é um país de peculiaridades. Tem coisas que só têm/acontecem aqui. Tipo jabuticaba e carro a álcool. Ou o favorecimento de uns poucos perante os bens/orgãos públicos. (Ok, talvez não sejam exclusividade nossa, mas vá lá...)

Ficou vago? Pois bem, vamos lembrar de algumas coisas. Alguém aqui lembra da palhaçada do "Kit de Primeiro Socorros" que se tornou obrigatório em todos os carros do país anos atrás?

Então, algum gênio, provavelmente dono de farmácia ou empresa do ramo, pensou: E se todo mundo fosse obrigado a comprar nossos produtos? Após uma rápida conversa tramóia, todo brasileiro teve que correr pra farmácia pra comprar a porcaria do kit... uma tesourinha besta, gaze, antiséptico... bacana... Depois de uns meses, a lei caiu e todo mundo enfiou o kit no... porta luvas. E os produtores do kit riram a toa.

Os que estão no Canadá não devem ter acompanhado as mais recentes... a onda agora é a cadeirinha para crianças no carro. Ok, nada contra... muito pelo contrário, acho mesmo que precisa. Só que o governo não implanta as cadeirinhas em transporte escolar público, ônibus, metrô, etc... Mas já está multando pais que não usam a cadeira. (que está em falta nas lojas, claro) Se a lei cair em alguns meses de novo, não será surpresa...

Agora, a mais "besta" de todas é a tomada tupiniquim. Achei até uma matéria sobre isso na Veja, "Jabuticaba elétrica". Via canetada do governo (trajado de "comissão de especialistas"), todo brasileiro tem que trocar todos os plugues elétricos de suas casa por um modelo novo.



Claro que eles não podia usar o padrão norte-americano, que todo mundo conhece dos computadores e eletrônicos... Claro que não, usamos um padrão mundial (certificado ISO) que SÓ O BRASIL ADOTOU!!! E dá-lhe vender tomada nova e adaptador pro brasileiros e brasileiras...

Daí vc pensa? Que se dane, ninguém me obriga a trocar a tomada de casa. Ok, verdade... mas vá comprar um aparelho novo com esse maldito plugue de três pernas que não serve na sua casa, e me diz como se sente... uma alegria só...

E é isso, de caso em caso vai ficando forte a impressão que as decisões no país são tomadas sempre de acordo com a vontade da maioria. Maioria em torno dos mandatário de plantão, claro.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ir e Vir?

Gastar cerca de 2 a 3 horas por dia dentro do seu carro pode lhe trazer oportunidades interessantes. Sim, é verdade.

Nesse ponto, já conheço a maioria das rádios de SP, com ênfase nas rádios de notícia (sim, estou ficando velho... não escuto mta música). Sei até quando os locutores entram de férias, se o comentarista político está de bom humor, o que aconteceu na região de Carapicuíba ontem a noite... ou seja, estou informado.

Mas as vezes, até isso cansa. Daí, dentre uma buzinada de um motoboy e uma fechada do carro ao lado, sigo pensando na minha atual situação.

Lembrei hoje de uma conversa que tive com minha última chefe no Canadá. Ela é chinesa, mas mora nos EUA já a vários anos. Conversa pesada, eu estava comunicando a decisão de voltar ao Brasil e, evidentemente, minha demissão.

Ela ficou chocada e indagou:

- "Mas, o país (Brasil) mudou tanto assim nesses últimos tempos?" 

- Como assim? O que quer dizer? - perguntei.

- "Estou curiosa pra saber da violência, trânsito, poluição, etc, que vc comentava e reclamava... isso tudo está resolvido?"

Surpreso, respondi:

- Evidente que não. Mas não estou voltando pelo mesmo motivo que eu vim pra cá. Volto pela família e amigos queridos.

Ela ficou em silêncio por alguns instantes e disse:

- Espero que valha a pena (ela quis dizer, que a familia e amigos valham por todos os outros problemas)


Os que acompanham esse site, a essa altura, já sabem que não tenho mais tanta certeza. Quero dizer, continuo amando minha família e amigos daqui. Mas quanto mais tempo eu passo aqui, quanto mais mergulho nas coisas daqui, vou tendo a impressão que a troca talvez não valha tanto.

Acho que, como estou me "acostumando" com as coisas daqui, estou voltando ao mesmo estado de espírito que tinha antes de partir. Ou seja, insatisfeito e cansado com a situação geral...

Decisões importantes... Sei lá... nada é definitivo na vida e a única certeza que temos é a morte. Não é o primeiro dilema que passo na vida... Felizmente não tenho problemas em mudar de opinião e de rumos...

Só que essa "próxima" decisão, seria (ou será) emblemática. Hoje, sei o que é viver no Canadá, tendo uma vida boa... quase como um nativo. Sei também o que é voltar e sofrer para me adaptar. Ou seja, se decidir ir para o Canadá, a coisa seria "realmente" definitiva. Seria uma decisão muito mais certa (ou certeira) do que da primeira vez. Quando fomos, não sabia como seriam as coisas. Adaptação, emprego, idioma, frio, etc... tudo uma grande incógnita. Se eu decidir partir hoje, já é mto grande a certeza de que, dessa vez, é pra sempre.

Isso sim, é pensamento para muitos e muitos congestionamentos...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Saudades da minha vida...

Semana que vem completo 3 meses de retorno ao Brasil.

O que tenho a comemorar? Não muito...

Acho que, como tudo na vida, toda escolha implica em uma perda. E um ganho também, evidente.

Ganhei com o retorno o convívio com os entes queridos. O carinho próximo daqueles que lhe querem bem a todo momento. A convivência próxima, diária, é realmente importante e "impagável".

Ganhei uma oportunidade profissional fantástica. Estou fazendo algo que nunca fiz na vida, aprendendo muito e vendo muita coisa nova, diferente. E ainda de quebra, trabalhando em uma grande empresa que oferece todos os benefícios e estrutura para o trabalho.

Ganhei um mundo de oportunidades de coisas a fazer em SP. Opções de lazer, teatros, exposições, filmes, museus, restaurantes, etc... Impossível se manter atualizado com tanta coisa para se fazer por aqui!

Ok, mas e o outro lado. O que "perdi"?

Perdi o convívio com outros amigos tão queridos que aprendi a amar nos dois últimos anos. Me pego, quase diariamente, me lembrando de passagens ou situações com eles.

Perdi um pouco, ou quase toda (sendo sincero), tranquilidade. Seja dirigindo meu carro pelas ruas congestionadas onde sempre há o receio de ser assaltado. Seja atravessando a rua, com medo de ser atropelado. Seja em relação ao trabalho, já que trabalha-se muuuito mais aqui do que no Canadá. Onde mesmo quando não há muito trabalho a ser feito, a ordem é sempre ficar no escritório... (pra quê, não sei...)

Perdi, acho que toda, a qualidade de vida que tinha. Vida que aprendi a apreciar nesses dois anos e tanto. Vida que me permitia acordar "cedo"(7 e pouco) para correr pelo belo bairro onde morava. Me dirigia ao escritório perto das 8:30 da manhã e chegava lá em cerca de 30 minutos. Trabalhava o que tinha que trabalhar, cerca de 8 horas por dia, e saía as 17 e pouco... Estava cedo em casa, onde podia jantar e conversar com minha esposa, ou jogar meu volei semanal... ou sair com amigos... ou ir ao cinema... ou assistir o Canadiens jogar... ou dormir, sei lá.

Sinto que aqui tenho mais condições financeiras e familiares para tocar minha vida, mas não tenho tempo (ou mesmo vontade) de faze-lo. A falta de tempo pra mim me desgasta, e desanimo para fazer qualquer coisa "legal", ou pra mim...

Sinto saudade da minha vida tranquila, ou até mesmo pacata, de Montreal... Je me souviens...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Laços de família

“Os amigos são a família que nós escolhemos”, já dizia meu marido, na época de namorado, repetindo uma frase que lera em algum lugar. Essa frase não tinha tanto significado há dez anos, quanto tem hoje, pra mim.
Realmente não escolhemos a família em que nascemos e crescemos, mas depois de grandes, ainda que alguns tenham tido menos sorte no nascimento, somos nós que escolhemos aqueles que farão parte das nossas vidas e da nossa história e, de alguma forma, eles passam a formar essa família escolhida. E assim foi comigo. Tenho “amigos-família”!
Como diria um dos membros dessa minha família, por puro azar, nós nos conhecemos, mas eu diria que com muita sorte nós insistimos nessa amizade que hoje chamamos de família – nossa família canadense.
Final de semana passado, alguns de nós tivemos a oportunidade de nos vermos mais uma vez. Foi um encontro que havíamos planejado antes de “desimigrar”. Três deles estavam passando férias no Brasil e nós, desimigrantes, saímos de São Paulo diretamente pra “Behorizonte”.
Estávamos ansiosos por esse momento. Eu, particularmente, planejei mil coisas, visualizei cenas e imaginei que ficaria sabendo de todos os acontecimentos detalhadamente que havíamos perdido nesses dois meses. Minha esperança era de me sentir mais perto de todos, mais lá. Mas nada disso aconteceu! Nada do que eu tinha planejado (nem um pão de queijo sequer eu comi). Nenhuma cena vivida ou história nova ouvida. Nada! Tudo aconteceu bem melhor do que nos meus pensamentos mais otimistas.
Chegamos sexta à noite e desse instante até domingo, não fizemos outra coisa a não ser comer e conversar. Não era a conversa que eu pensava que seria, sobre fotos e fatos, mas a mesma conversa que teríamos se estivéssemos ainda em Montréal. Sobre a vida, sobre a morte, sobre pais, sobre filhos, sobre o nada e sobre o tudo. Assistimos um filme também, como seria normal numa tarde de domingo. Comemos mais um pouco.
No aeroporto, em meio ao caos aéreo, refleti sobre o final de semana e como ele não se encaixava em nada do que eu havia imaginado. Um misto de alegria e tristeza tomaram conta de mim. Fiquei muito feliz porque essa situação só demonstrava o quanto ainda fazia (e faço) parte dessa família, que eles não precisam me contar nada além do que já conversamos por email, skype e msn. Não somos diferentes porque voltamos (e era isso o que eu mais temia). Ao mesmo tempo, fiquei triste de saudade, por querer estar com eles mais e mais, pra jogar conversa fora, assistir um filme ou simplesmente combinar de comer pão de queijo e acabar tomando um capuccino no Tim Hortons. Pena que dessa vez faltou o Tim Hortons.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ilusão

Por: Bia Sallesse

Um grande medo que eu tinha antes de imigrar para o Canadá era o de não saber como manter as relações com as pessoas que amo e de quem estaria longe.

Antes de partir, tive a oportunidade de ouvir um pai falar sobre isso. Não se tratava de nenhum “guru” ou mestre da auto-ajuda, mas um simples pai, como o meu e o seu, que pode explicar que sua relação com seu filho que mora na Alemanha é praticamente a mesma de quando ambos estavam no Brasil. Ele não deixou de participar dos momentos e decisões importantes porque estava longe, a diferença é que, em vez de falar o que pensava e o que sentia pessoalmente, agora era via msn. Achei estranho na época, mas levei essa ideia comigo.

Confesso que, logo que cheguei, mil dúvidas passaram na minha cabeça, mas a decisão estava tomada e tinha que seguir em frente. Em meio a tantos pensamentos, lembrei-me do relato desse pai e, durante dois anos, observei como estava minha relação com meus pais e comparei-a com esses 30 anos de experiência que eu já tinha vivido.  Com o tempo, comecei a fazer o mesmo com meu marido e seus pais e uma amiga, que já conhecia antes de imigrar, e os seus.

Faço, aqui, minhas palavras as palavras daquele pai. As relações não mudam! Elas podem até sofrer alguma adaptação, pois não daria mais pra almoçar todo domingo na casa da mãe. Existe, sim, um filtro, baseado no que o narrador considera mais ou menos importante, o que é muito bom, pois não é preciso saber que a irmã da tia-avó operou as varizes, mas a essência continua e darei um exemplo logo em seguida.

Voltamos pro Brasil exclusivamente por causa de nossa família, que sofreu muito e visivelmente nesses dois anos de Canadá. Acho que por causa desse sofrimento todo, em algum momento minha experiência social foi esquecida e acreditei que as coisas seriam diferentes; que minha presença no Brasil seria indispensável (nunca é!). Mas, chegando aqui, só pude constatar o que já sabia – as relações não mudam!

Antes, acreditávamos que nos escondiam os fatos porque estávamos longe e não poderíamos ajudar muito. Aqui, constatei que nos escondem os fatos porque somos esses filhos amados (e talvez ingratos, como brincaria minha mãe) e, no fundo, no fundo, não faz a menor diferença, pelo menos aparentemente não, estarmos cá ou lá.

Esse é o sistema em que minha família está calcada. Se fosse uma família que compartilhasse mais, talvez eu tivesse exercitado o ajudar, e talvez o conviver, à distância. E olha que seria um belo exercício! Afinal, à distância, somos “obrigados” a desenvolver a criatividade, muitas vezes dormente, pra sermos capazes de demonstrar o quanto amamos aqueles que nos são tão caros. Buscamos gestos e palavras, às vezes não muito utilizadas, que provavelmente não buscaríamos se convivêssemos pessoalmente.

Por outro lado, a família da minha amiga é do tipo “super compartilhadora”. Eles se encontram na net, três vezes por semana, e conversam por horas, contando todos os detalhes da vida, independentemente de estarem no mesmo ambiente ou não. Eles não tem o toque, mas mantêm o conviver e o compartilhar.

No fim, quando estávamos lá temia perder essas relações que tanto prezava. Agora que voltei, questiono-me se a distância seria mesmo capaz de matar aquilo que construímos fortemente ao longo de uma vida. Começo a achar que era pura ilusão.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Montreal, o 2.o lugar mais "feliz" do mundo?

Ok, sei que sai um pouco do "contexto" do blog, mas achei o artigo "interessante", ou "bonitinho" (em aspas mesmo).

Sei que todo ranking do tipo "os 10 melhores do mundo" é sempre suspeito ou até idiota mesmo (esse não é diferente). Mas como eu concordo que Montreal é uma cidade "feliz" resolvi publicar aqui.

Clique no link ao lado: http://www.journalmetro.com/linfo/article/588345--montreal-est-l-un-des-endroits-les-plus-enjoues-au-monde-selon-lonely-planet

Cidade ilógica

Ví esse vídeo no site do estadão e achei que tinha tudo a ver com o que sinto e vejo todos os dias por aqui...


Cidade Ilógica from !sso não é Normal on Vimeo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Desimigrar é.... desistir de participar de eventos públicos

Eu sempre fui um apreciador de música. Sou do tipo que ligo o radio do carro antes do motor, e só desligo segundos antes de sair. Tenho uma coleção de alguns (vários) gigabytes de música e sempre estou (ou estava, no Canadá) com o iPod por perto.

Dois anos de Canadá me trouxeram boas oportunidades de ver grandes nomes da música ao vivo e, principalmente, a preços razoáveis. Tive a chance de assistir aos shows do Kiss, AC/DC, Diana Krall, além de muitos shows gratuitos do Festival de Jazz. Não fui (porque não quis/não dei) a shows de Coldplay, Radiohead, Metallica, Lady Gaga, etc etc etc… Pagava entre 50 e 80 dolares pelos ingressos em bons lugares. Ia para os shows usando trem/metro/ônibus, chegando cerca de 15 minutos antes do início e chegando em casa não mais do que 30 minutos depois de sair.

Ontem fui assistir uma prova da “sensacional” Formula Truck, em Interlagos. A corrida (de caminhões) começa mais ou menos as 14, mas todos são instruídos a chegar horas antes para se acomodar, conseguir lugar e ver os “eventos” que antecedem a corrida.

Pois bem, saí de casa as 9:30 e dirigi 45min até lá (o autódromo é no fim do mundo). Lá perto, nos perdemos em faixas “informativas” que desapareciam no meio do caminho. Perto do local, muitas ruas fechadas e dificuldade de andar de carro, claro. 

Perguntamos ao fiscal da CET (Compania de Engenharia de Tráfego): 
- “Onde podemos estacionar?”, 
e a resposta ”técnica”:  
- “Em logradouro público não interditado” (traduzindo: Em qualquer lugar que não tenha um cara como eu fechando a rua).

A partir daí, passamos por dezenas de “flanelinhas” que eram “donos de vagas” e ofereciam ajuda para estacionar. “É 30 paus chefia”, diziam eles… 30 paus pra parar na rua, que beleza… Acabamos por estacionar em um terreno baldio (também público), onde o flanelinha de plantão organizava a coisa e cobrou “só” 20 reais da gente.

 Atravessamos a muvuca na rua e acessamos o portão, sempre tropeçando em ambulantes e cambistas… uma beleza!

A corrida em sí foi até legal, mas passar por todo stress associado tira muito da vontade de ir. Minha prima foi ao show do Aerosmith e teve que pagar R$150 de estacionamento em um shopping. R$150!!!

Depois de tudo isso, entendo pq os artistas sempre elogiam o público dos shows por aqui. Devemos ser mesmo o público mais fiel do mundo, já que “tem que ser muito fã” pra saber de todos esses problemas e ainda querer ir aos shows… (e detalhe: pagando, as vezes, mais de R$300) 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Voltar, nem pensar

O discurso do imigrante “canadense” é mais ou menos padrão (e nessa ordem): “imigrar pra fugir da violência, corrupção discarada e ir em busca de qualidade de vida”. Como parte da regra, o meu não era muito diferente disso, embora na época não soubesse ao certo o que era essa tal “qualidade de vida”.

Durante o processo de imigração, e consciente de que processo é muito mais do que os trâmites legais, mas um preparo intenso, li o livro que dá nome a esse post – “Voltar, nem pensar”. Trata-se da história de um jornalista inglês que, cansado da rotina de sua vida, mudou-se com sua família para o interior da Espanha em busca de – adivinhem! - qualidade de vida.

É possível pra qualquer um entender o porquê de um brasileiro, um peruano e um haitiano quererem se mudar para o Canadá, mas pra quem já teve a oportunidade de conhecer, pelos menos as capitais daqueles países, a ideia do inglês chegava parecer loucura.

É difícil entender completamente aquilo que é tão abstrato pra nós. É o mesmo que dizem do frio dos polos. É muito frio, de um frio tamanho que não adianta querer explicar, só sentindo na pele, literalmente, pra saber. (Pense que a temperatura do freezer da sua casa é agradável perto dele). Dois anos de Canadá e, de volta ao Brasil, hoje é fácil compreender na sua integridade o discurso dos imigrantes e, mais ainda, a aparente insanidade daquele jornalista.

A qualidade de vida é mais ou menos isso. Não tem como explicar. Só quem já passou pela experiência sabe o que é. A diferença é que, ao contrário do frio, ela torna o processo de “desimigração” muito mais difícil e doloroso. Se antes a regra era violência, corrupção e qualidade de vida, agora posso dizer que a ordem dos fatores altera, com certeza, o resultado das coisas.

O processo de “desimigração” começou no Canadá. Pela família, até seria possível conviver com a violência. Uma vez que nunca sofrera nenhuma violência física direta, embora pense que o medo de vir a sofrê-la é uma violência psicológica maior, com alguma terapia seria possível suportá-la. A corrupção, por sua vez, é o preço que literalmente pagamos pra estar com os entes queridos. Agora, não sei se por hábito de já conviver com ela ou por pura ignorância em acreditar que, uma vez que os outros dois problemas estavam “resolvidos”, ela viria automaticamente, embora eu garanta que não tenha vindo, a qualidade de vida foi negligenciada e, se hoje eu tivesse que citar um único motivo pra voltar, certamente ela reinaria triunfante.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cidadã do Mundo

Por: Bia Sallesse

Na adolescência conheci a história de uma senhora polonesa que foi para o Brasil fugida da Guerra. Não sei o motivo, mas o fato é que essa senhora “perdeu” a cidadania polonesa e nunca se naturalizou brasileira. Continuou vivendo no Brasil assim mesmo até que um dia seu filho foi morar em França e ela resolveu visitá-lo.

Talvez tivesse se passado uns 50 anos entre o dia que ela saiu da Polônia e o dia que resolveu visitar o filho em França. A vida passou mais ou menos como a de todas as outras pessoas na média da época. Por todo esse período, ser polonesa, brasileira ou apátrida, como era o caso, não tinha gerado grandes consequências em sua vida. Mas agora a senhorinha queria ir pra França e precisava de um passaporte.

O pós guerra e todas as questões levantadas sobre direitos humanos não impediram uma mãe de visitar um filho por causa de um documento. Assim, a ONU expediu seu passaporte de apátrida. Pequeno problema pra passar na imigração francesa, mas nada grave, afinal, Paris pode ser a porta de entrada do Velho Mundo, mas não é todo dia que passa alguém com um passaporte amarelo por lá.

Eu estava junto com outras pessoas quando ouvi essa história. Como a maioria, fiquei atônita, mas diferentemente da maioria, não fiquei questionando sobre o motivo dela nunca ter querido uma cidadania. A minha grande questão era “como eu consigo um passaporte desses pra mim?”.

O fato de eu querer esse passaporte já refletia os caminhos que, consciente ou inconscientemente, eu escolheria seguir. Pouco tempo depois, eu estava embarcando pros Estados Unidos pra terminar o high school. Dois anos depois, eu voltei pro mesmo país pra um outro curso durante as férias da faculdade. Mais três anos e foi a vez de ir pra Europa, fazer um mestrado. Mais uns três anos, voltei para a América do Norte, só que dessa vez o destino foi o Canadá. Mais uma vez faço as malas pra voltar pro Brasil.

A diferença entre mim e as outras pessoas que ouviram aquela história é que elas olharam praquele passaporte e viram alguém sem raízes. Enquanto eu vi uma oportunidade de ter um documento que demonstrasse quem realmente eu sou: brasileira, de origem ítalo-espanhola, com educação americana-européia, ou seja, eu sou uma mistura de tudo isso e de mais um bocado de outras culturas que conheci nesse meio tempo, que só um passaporte amarelo poderia definir. Eu sou uma cidadã do mundo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por que ir (e vir)?P

Decidimos imigrar, anos atrár, porquê buscáva-mos algo mais. Desde minha primeira viagem ao exterior (a long time ago, tinha 18 aninhos), não conseguia aceitar a idéia de que existem tantos lugares legais, tanto lugar onde as coisas funcionam, com menos violência, stress, medo, etc etc etc, e que eu "tinha" que morar no Brasil.

Nunca fui patriota, nem nacionalista. Sou de uma familia de imigrantes (italianos em SP), e muitas vezes me perguntava o que passava na cabeça do Nonno quando decidiu vir pra cá! (Ok, guerra mundial conta rs*)

Dito isso, fica fácil justificar a saída. O Canadá, um país chamando imigrantes e eu, um imigrante a procura de um país.  Par perfeito. 

Tive muitos momentos bacanas em Montreal. Conheci pessoas sensacionais que hoje chamo de família. E se for ver bem mesmo, eles são. Estiveram no dia a dia com a gente durante todo o tempo que estivemos lá, e "preencheram" esse espaço tão importante.

Mas a familía "real" chamou forte. Quero dizer, ninguém chamou pra valer, nem mesmo cobraram "oficialmente"... (se bem que, no fundo, seria melhor se o fizessem). O que me fez voltar tem a ver com não estar com eles. Pensei muito sobre isso, e me questionei se valeria a pena ficar mais tempo longe e "perder" o convívio com eles.

O tempo passa e nossos pais vão ficando velhos. Nossos sobrinhos também. Isso pesou muito, não queria visita-los a cada X tempo, pra constatar que estão mais velhos/gordos (ou maiores, no caso dos sobrinhos). Acho que optamos por acompanhar isso tudo de perto, e isso foi o que nos fez voltar.

Se tenho certeza se foi uma escolha "certa"? Evidente que não. Se tenho saudades do Canadá? Muita, todo santo dia. Se vou ficar aqui "pra sempre"? Isso não dá pra dizer... isso fica para os próximos capítulos... :)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudade do noticiário de 15 minutos

Uma das coisas que sempre me irritou e sempre foi motivo de piada (de minha parte, claro) são os notíciários Canadenses.

Nunca pela falta de qualidade, nem pela boa cobertura. O problema é a notícia (ou falta dela).

Basta sintonizar no noticiário da CBC ou RDI (ou mesmo as americanas CNN, ABC, etc) e assistir por 15 minutos as notícias.

Pronto, você já sabe (resumidamente, claro) o que anda acontecendo no país (ou na sua região). A partir do 16.o minuto, as notícias vão começar a repetir e repetir... Só vão mudar na edição da tarde, noite ou dia seguinte.

Isso meio que me irritava, já que sentia que não estava sabendo tudo que estava acontecendo mesmo. Tentei sintonizar canais "menores", mas, via de regra, o conteúdo é sempre o mesmo.

E de onde lembrei tudo isso? Claro, isso foi graças ao psicopata goleiro Bruno, do Flamengo.

Me assustou o nível de detalhamento do noticiário a respeito do caso. Óbvio que atrai atenção popular, mas não tanto.

Ok. Futebol  + flamengo + mulher + assassinato... são prato feito para qualquer tablóide  não? O que me "assustou" foi que não são os tablóides que estão "over-explorando" o caso. É TODA A %#*@ DA IMPRENSA!!!

Assistindo ao Bom Dia Brasil (da Globo, jornal matutino de cobertura nacional), pude contar no relógio mais de 30 minutos de cobertura do caso (o jornal dura 45min). Fiquei sabendo desde onde ele nasceu, como conheceu a prostituta garota, a cor da cueca do cara, reconstituição do crime.... ou seja: too much information.

Não me interessa essa porcaria de caso. O cara é louco, interna ele. Aliás, tá cheio de louco por aqui mesmo, qual a surpresa...?!?

Sei lá, é meio deprê mesmo. Aí é o dilema do Tostines: Passa notícia ruim pq o povo assiste, ou o povo assiste (e gosta) pq só passa notícia ruim?

No fim das contas, acho que o que me faz falta mesmo é "faltar notícia" para ver, e ter que se "contentar" em assistir flashes do Weather Channel todo dia antes de sair de casa...

domingo, 11 de julho de 2010

Desimigrante?

Pois é, desimigrante... Não sei bem se a palavra existe, mas acho que é assim que me sinto, ou isso que sou. Dizem que a língua é dinâmica e se "reinventa" a todo tempo não? Pois bem, dei minha contribuição: Desimigrante é o mais novo vocábulo de nosso idioma.

Vou tentar dar a definição oficial:


adj. e s.m. e s.f. Que ou quem vem residir ou se fixa no próprio país, depois de ter imigrado para um país que não é o seu.


Imigrar não é fácil. Desimigrar, é mais complicado ainda...

Pretendo nesse espaço escrever um pouco de como é o processo de readaptação. De como é trocar uma vida tranquila de um país de 1.o mundo pela loucura do glorioso Brasil-sil-sil. 

São muitos os relatos dos que vão e ficam, mas raros os relatos dos que voltam. Pretendo, então, registrar como é o retorno para que outros imigrantes "candidatos" ao retorno pensem bem...

E aos que ainda não foram (e planejam ir): Não estranhem... depois de algumas temporadas lá fora, a gente começa a ver nossos patrícios (brasileiros, não lusos) como ETs... E meio que parece que nunca fizemos parte dessa zona... 

Bom, eu ainda acho que não faço... quem sabe daqui a algum tempo... (ou não rs*)