sexta-feira, 30 de julho de 2010

Montreal, o 2.o lugar mais "feliz" do mundo?

Ok, sei que sai um pouco do "contexto" do blog, mas achei o artigo "interessante", ou "bonitinho" (em aspas mesmo).

Sei que todo ranking do tipo "os 10 melhores do mundo" é sempre suspeito ou até idiota mesmo (esse não é diferente). Mas como eu concordo que Montreal é uma cidade "feliz" resolvi publicar aqui.

Clique no link ao lado: http://www.journalmetro.com/linfo/article/588345--montreal-est-l-un-des-endroits-les-plus-enjoues-au-monde-selon-lonely-planet

Cidade ilógica

Ví esse vídeo no site do estadão e achei que tinha tudo a ver com o que sinto e vejo todos os dias por aqui...


Cidade Ilógica from !sso não é Normal on Vimeo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Desimigrar é.... desistir de participar de eventos públicos

Eu sempre fui um apreciador de música. Sou do tipo que ligo o radio do carro antes do motor, e só desligo segundos antes de sair. Tenho uma coleção de alguns (vários) gigabytes de música e sempre estou (ou estava, no Canadá) com o iPod por perto.

Dois anos de Canadá me trouxeram boas oportunidades de ver grandes nomes da música ao vivo e, principalmente, a preços razoáveis. Tive a chance de assistir aos shows do Kiss, AC/DC, Diana Krall, além de muitos shows gratuitos do Festival de Jazz. Não fui (porque não quis/não dei) a shows de Coldplay, Radiohead, Metallica, Lady Gaga, etc etc etc… Pagava entre 50 e 80 dolares pelos ingressos em bons lugares. Ia para os shows usando trem/metro/ônibus, chegando cerca de 15 minutos antes do início e chegando em casa não mais do que 30 minutos depois de sair.

Ontem fui assistir uma prova da “sensacional” Formula Truck, em Interlagos. A corrida (de caminhões) começa mais ou menos as 14, mas todos são instruídos a chegar horas antes para se acomodar, conseguir lugar e ver os “eventos” que antecedem a corrida.

Pois bem, saí de casa as 9:30 e dirigi 45min até lá (o autódromo é no fim do mundo). Lá perto, nos perdemos em faixas “informativas” que desapareciam no meio do caminho. Perto do local, muitas ruas fechadas e dificuldade de andar de carro, claro. 

Perguntamos ao fiscal da CET (Compania de Engenharia de Tráfego): 
- “Onde podemos estacionar?”, 
e a resposta ”técnica”:  
- “Em logradouro público não interditado” (traduzindo: Em qualquer lugar que não tenha um cara como eu fechando a rua).

A partir daí, passamos por dezenas de “flanelinhas” que eram “donos de vagas” e ofereciam ajuda para estacionar. “É 30 paus chefia”, diziam eles… 30 paus pra parar na rua, que beleza… Acabamos por estacionar em um terreno baldio (também público), onde o flanelinha de plantão organizava a coisa e cobrou “só” 20 reais da gente.

 Atravessamos a muvuca na rua e acessamos o portão, sempre tropeçando em ambulantes e cambistas… uma beleza!

A corrida em sí foi até legal, mas passar por todo stress associado tira muito da vontade de ir. Minha prima foi ao show do Aerosmith e teve que pagar R$150 de estacionamento em um shopping. R$150!!!

Depois de tudo isso, entendo pq os artistas sempre elogiam o público dos shows por aqui. Devemos ser mesmo o público mais fiel do mundo, já que “tem que ser muito fã” pra saber de todos esses problemas e ainda querer ir aos shows… (e detalhe: pagando, as vezes, mais de R$300) 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Voltar, nem pensar

O discurso do imigrante “canadense” é mais ou menos padrão (e nessa ordem): “imigrar pra fugir da violência, corrupção discarada e ir em busca de qualidade de vida”. Como parte da regra, o meu não era muito diferente disso, embora na época não soubesse ao certo o que era essa tal “qualidade de vida”.

Durante o processo de imigração, e consciente de que processo é muito mais do que os trâmites legais, mas um preparo intenso, li o livro que dá nome a esse post – “Voltar, nem pensar”. Trata-se da história de um jornalista inglês que, cansado da rotina de sua vida, mudou-se com sua família para o interior da Espanha em busca de – adivinhem! - qualidade de vida.

É possível pra qualquer um entender o porquê de um brasileiro, um peruano e um haitiano quererem se mudar para o Canadá, mas pra quem já teve a oportunidade de conhecer, pelos menos as capitais daqueles países, a ideia do inglês chegava parecer loucura.

É difícil entender completamente aquilo que é tão abstrato pra nós. É o mesmo que dizem do frio dos polos. É muito frio, de um frio tamanho que não adianta querer explicar, só sentindo na pele, literalmente, pra saber. (Pense que a temperatura do freezer da sua casa é agradável perto dele). Dois anos de Canadá e, de volta ao Brasil, hoje é fácil compreender na sua integridade o discurso dos imigrantes e, mais ainda, a aparente insanidade daquele jornalista.

A qualidade de vida é mais ou menos isso. Não tem como explicar. Só quem já passou pela experiência sabe o que é. A diferença é que, ao contrário do frio, ela torna o processo de “desimigração” muito mais difícil e doloroso. Se antes a regra era violência, corrupção e qualidade de vida, agora posso dizer que a ordem dos fatores altera, com certeza, o resultado das coisas.

O processo de “desimigração” começou no Canadá. Pela família, até seria possível conviver com a violência. Uma vez que nunca sofrera nenhuma violência física direta, embora pense que o medo de vir a sofrê-la é uma violência psicológica maior, com alguma terapia seria possível suportá-la. A corrupção, por sua vez, é o preço que literalmente pagamos pra estar com os entes queridos. Agora, não sei se por hábito de já conviver com ela ou por pura ignorância em acreditar que, uma vez que os outros dois problemas estavam “resolvidos”, ela viria automaticamente, embora eu garanta que não tenha vindo, a qualidade de vida foi negligenciada e, se hoje eu tivesse que citar um único motivo pra voltar, certamente ela reinaria triunfante.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cidadã do Mundo

Por: Bia Sallesse

Na adolescência conheci a história de uma senhora polonesa que foi para o Brasil fugida da Guerra. Não sei o motivo, mas o fato é que essa senhora “perdeu” a cidadania polonesa e nunca se naturalizou brasileira. Continuou vivendo no Brasil assim mesmo até que um dia seu filho foi morar em França e ela resolveu visitá-lo.

Talvez tivesse se passado uns 50 anos entre o dia que ela saiu da Polônia e o dia que resolveu visitar o filho em França. A vida passou mais ou menos como a de todas as outras pessoas na média da época. Por todo esse período, ser polonesa, brasileira ou apátrida, como era o caso, não tinha gerado grandes consequências em sua vida. Mas agora a senhorinha queria ir pra França e precisava de um passaporte.

O pós guerra e todas as questões levantadas sobre direitos humanos não impediram uma mãe de visitar um filho por causa de um documento. Assim, a ONU expediu seu passaporte de apátrida. Pequeno problema pra passar na imigração francesa, mas nada grave, afinal, Paris pode ser a porta de entrada do Velho Mundo, mas não é todo dia que passa alguém com um passaporte amarelo por lá.

Eu estava junto com outras pessoas quando ouvi essa história. Como a maioria, fiquei atônita, mas diferentemente da maioria, não fiquei questionando sobre o motivo dela nunca ter querido uma cidadania. A minha grande questão era “como eu consigo um passaporte desses pra mim?”.

O fato de eu querer esse passaporte já refletia os caminhos que, consciente ou inconscientemente, eu escolheria seguir. Pouco tempo depois, eu estava embarcando pros Estados Unidos pra terminar o high school. Dois anos depois, eu voltei pro mesmo país pra um outro curso durante as férias da faculdade. Mais três anos e foi a vez de ir pra Europa, fazer um mestrado. Mais uns três anos, voltei para a América do Norte, só que dessa vez o destino foi o Canadá. Mais uma vez faço as malas pra voltar pro Brasil.

A diferença entre mim e as outras pessoas que ouviram aquela história é que elas olharam praquele passaporte e viram alguém sem raízes. Enquanto eu vi uma oportunidade de ter um documento que demonstrasse quem realmente eu sou: brasileira, de origem ítalo-espanhola, com educação americana-européia, ou seja, eu sou uma mistura de tudo isso e de mais um bocado de outras culturas que conheci nesse meio tempo, que só um passaporte amarelo poderia definir. Eu sou uma cidadã do mundo.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Por que ir (e vir)?P

Decidimos imigrar, anos atrár, porquê buscáva-mos algo mais. Desde minha primeira viagem ao exterior (a long time ago, tinha 18 aninhos), não conseguia aceitar a idéia de que existem tantos lugares legais, tanto lugar onde as coisas funcionam, com menos violência, stress, medo, etc etc etc, e que eu "tinha" que morar no Brasil.

Nunca fui patriota, nem nacionalista. Sou de uma familia de imigrantes (italianos em SP), e muitas vezes me perguntava o que passava na cabeça do Nonno quando decidiu vir pra cá! (Ok, guerra mundial conta rs*)

Dito isso, fica fácil justificar a saída. O Canadá, um país chamando imigrantes e eu, um imigrante a procura de um país.  Par perfeito. 

Tive muitos momentos bacanas em Montreal. Conheci pessoas sensacionais que hoje chamo de família. E se for ver bem mesmo, eles são. Estiveram no dia a dia com a gente durante todo o tempo que estivemos lá, e "preencheram" esse espaço tão importante.

Mas a familía "real" chamou forte. Quero dizer, ninguém chamou pra valer, nem mesmo cobraram "oficialmente"... (se bem que, no fundo, seria melhor se o fizessem). O que me fez voltar tem a ver com não estar com eles. Pensei muito sobre isso, e me questionei se valeria a pena ficar mais tempo longe e "perder" o convívio com eles.

O tempo passa e nossos pais vão ficando velhos. Nossos sobrinhos também. Isso pesou muito, não queria visita-los a cada X tempo, pra constatar que estão mais velhos/gordos (ou maiores, no caso dos sobrinhos). Acho que optamos por acompanhar isso tudo de perto, e isso foi o que nos fez voltar.

Se tenho certeza se foi uma escolha "certa"? Evidente que não. Se tenho saudades do Canadá? Muita, todo santo dia. Se vou ficar aqui "pra sempre"? Isso não dá pra dizer... isso fica para os próximos capítulos... :)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saudade do noticiário de 15 minutos

Uma das coisas que sempre me irritou e sempre foi motivo de piada (de minha parte, claro) são os notíciários Canadenses.

Nunca pela falta de qualidade, nem pela boa cobertura. O problema é a notícia (ou falta dela).

Basta sintonizar no noticiário da CBC ou RDI (ou mesmo as americanas CNN, ABC, etc) e assistir por 15 minutos as notícias.

Pronto, você já sabe (resumidamente, claro) o que anda acontecendo no país (ou na sua região). A partir do 16.o minuto, as notícias vão começar a repetir e repetir... Só vão mudar na edição da tarde, noite ou dia seguinte.

Isso meio que me irritava, já que sentia que não estava sabendo tudo que estava acontecendo mesmo. Tentei sintonizar canais "menores", mas, via de regra, o conteúdo é sempre o mesmo.

E de onde lembrei tudo isso? Claro, isso foi graças ao psicopata goleiro Bruno, do Flamengo.

Me assustou o nível de detalhamento do noticiário a respeito do caso. Óbvio que atrai atenção popular, mas não tanto.

Ok. Futebol  + flamengo + mulher + assassinato... são prato feito para qualquer tablóide  não? O que me "assustou" foi que não são os tablóides que estão "over-explorando" o caso. É TODA A %#*@ DA IMPRENSA!!!

Assistindo ao Bom Dia Brasil (da Globo, jornal matutino de cobertura nacional), pude contar no relógio mais de 30 minutos de cobertura do caso (o jornal dura 45min). Fiquei sabendo desde onde ele nasceu, como conheceu a prostituta garota, a cor da cueca do cara, reconstituição do crime.... ou seja: too much information.

Não me interessa essa porcaria de caso. O cara é louco, interna ele. Aliás, tá cheio de louco por aqui mesmo, qual a surpresa...?!?

Sei lá, é meio deprê mesmo. Aí é o dilema do Tostines: Passa notícia ruim pq o povo assiste, ou o povo assiste (e gosta) pq só passa notícia ruim?

No fim das contas, acho que o que me faz falta mesmo é "faltar notícia" para ver, e ter que se "contentar" em assistir flashes do Weather Channel todo dia antes de sair de casa...

domingo, 11 de julho de 2010

Desimigrante?

Pois é, desimigrante... Não sei bem se a palavra existe, mas acho que é assim que me sinto, ou isso que sou. Dizem que a língua é dinâmica e se "reinventa" a todo tempo não? Pois bem, dei minha contribuição: Desimigrante é o mais novo vocábulo de nosso idioma.

Vou tentar dar a definição oficial:


adj. e s.m. e s.f. Que ou quem vem residir ou se fixa no próprio país, depois de ter imigrado para um país que não é o seu.


Imigrar não é fácil. Desimigrar, é mais complicado ainda...

Pretendo nesse espaço escrever um pouco de como é o processo de readaptação. De como é trocar uma vida tranquila de um país de 1.o mundo pela loucura do glorioso Brasil-sil-sil. 

São muitos os relatos dos que vão e ficam, mas raros os relatos dos que voltam. Pretendo, então, registrar como é o retorno para que outros imigrantes "candidatos" ao retorno pensem bem...

E aos que ainda não foram (e planejam ir): Não estranhem... depois de algumas temporadas lá fora, a gente começa a ver nossos patrícios (brasileiros, não lusos) como ETs... E meio que parece que nunca fizemos parte dessa zona... 

Bom, eu ainda acho que não faço... quem sabe daqui a algum tempo... (ou não rs*)